Aparentemente, boa parte dos analistas não teorizam sobre o uso do
divã, talvez por desinteresse, talvez por desconhecimento. Nesse
sentido, poucas justificativas são apontadas sobre por que, como e quando
catapultar o analisante da poltrona para o divã. No caso de lacanianos,
muitos não percebem que geralmente as entrevistas preliminares se dão na
poltrona e a análise propriamente dita no divã; seria essa a passagem. Com
relação a quando, já ouvi analistas argumentarem sobre o tempo para isso (de um
dia a meses!), mas sem conseguir justificar o motivo. O porquê com certeza
é ainda bem mais complexo.
Para esse pequeno texto pesquisei a obra completa de Lacan e Freud e
cerca de 50 livros de comentadores sobre psicanálise para conseguir encontrar
pouco material a respeito. Mesmo em Freud e Lacan as justificativas são poucas.
Resolvi não pesquisar textos específicos sobre a função do divã para não me
contaminar. No entanto, vale a pena citar um que valoriza bastante o tema, que
é o 4 + 1 condições da análise, do Quinet.
Freud começou a deitar suas pacientes histéricas como forma de substituir o sonambulismo provocado pela hipnose (já quem nem todas eram hipnotizáveis e porque ele também se considerava um péssimo hipnotizador); nessa posição elas poderiam ficar num estado de concentração que lhes facilitavam falar tudo que vinha ao seu pensamento, o que depois passou a ser denominado como associação livre (ver Estudos sobre Histeria, de 1895).
Esse método continuou sendo usado depois que ele fundou a psicanálise,
com outra justificativa somada de que ele não conseguia sentir-se olhado dez
horas por dia por seus pacientes, ou seja, uma questão pessoal dele.
Muitos analistas consideram que eles ouvem melhor o paciente no divã do que os que se sentam em sua frente, não por estarem fisicamente perto, mas sim porque o analista não se distrai com os olhares e expressões faciais de seus pacientes (afirmação de Fink, que também alerta sobre o risco de se deitar pacientes psicóticos).

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