NÚMERO 1
Emmy Von N (ou Fanny von Sulzer Wart, Suíça, 1848-1925) chegou até Freud em 1889 (então com 41 anos) e era viúva de um industrial de quem herdou fortuna, tendo tido com ele duas filhas. Foi instalada em um sanatório, por solicitação de Freud, que a visitou duas vezes por dia, por 3 semanas, nessa primeira fase do tratamento.
Ela se queixava de dores em várias partes do corpo, medo de animais e de pessoas desconhecidas, além de lembranças de sua infância que considerava traumáticas e que provavelmente alimentavam esses seus sintomas. Apresentava também delírios e alucinações, que Freud considerou como psicose aguda.
Freud diz no relato que foi a primeira vez que usava o método catártico criado por Breuer e que era inexperiente no uso desse tipo de tratamento. Ele tinha profundo conhecimento sobre histeria pelo tempo que tinha passado em Paris na Clínica Salpetriere em Paris, em 1885, e por ter traduzido para o alemão obras de Charcot e Bernhein. Também foi o primeiro a realizar uma teorização sobre o processo histérico, contida nos cinco historiais dos Estudos.
Mesmo assim, relata dificuldades nesse tratamento, pois as sugestões que realizava durante a hipnose de Emmy nem sempre funcionavam ou duravam. Ele parecia valorizar pouco os motivos dos sintomas, não realizando nenhuma pontuação sobre eles, mesmo que enxergasse ali causa e efeito. A rememoração facilitada pela hipnose parecia servir somente para ser borrada pela sugestão, para que aquela lembrança não mais sustentasse o sintoma (psíquico ou físico) apresentado pela paciente.
Freud foi otimista em dizer que houve uma melhora bastante grande de Emmy nessas 3 primeiras semanas, mas alguns meses depois a paciente retornou para uma segunda temporada, pois uma situação por ela vivida como traumática fez praticamente todos os seus sintomas retornarem. Ou seja, ela se sentia bem até que acontecesse algo que ultrapassava sua capacidade de lidar com a situação e fizesse com que seus sintomas tivessem a mesma intensidade.
Foi essa paciente que disse a famosa frase a Freud, solicitando-lhe que não lhe fizesse tantas perguntas, que a deixasse falar livremente, o que viria a fundar o método da associação livre.



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