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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Deseja-se o desejo do Outro

 

Desejar é buscar algo que possa completar um furo.

Esse buraco é “em- mim”, mas também é “em-si”, ou seja, é a busca de tamponar seu furo, mas que também se relaciona com o furo no Outro.

É confundir o que o Outro pede com o que o Outro deseja. Nessas voltas da demanda do Outro se coloca o desejo próprio, mas alienado pelo banho da linguagem em que se é metido por esse Outro.

Tenta-se fazer Um com aquilo que faz furo “em-mim” com o que penso localizar-se “em-si” e em vez de se fazer o Um da unidade, faz-se o 1 contável, e que nesse caso nem dá 2, mas sim 3, partindo-se do buraco. O buraco inicia a série infinita de desejos lançados, mas é sempre n+1 que não alcança o dois do Um.

A seguinte cena pode ilustrar isso: estava num brechó e viu uma saboneteira que achou agradável. Seu desejo sobre ela foi lançado, mas não a adquiriu, não a tomou para si. A colega que acompanhava viu a cena, comprou a saboneteira e deu-lhe de presente. Ela não entendeu que seu desejo circulou o objeto, mas não queria enganchá-lo, pois ele era somente a causa do seu desejo (que estava alhures, no Outro) e não poderia ser satisfeito por aquele objeto disparador de memórias infantis. Poderia ter dito a ela para lhe dizer de volta: peço que me recuses o que te ofereço, pois não é isso!

 

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