Carolina
(composição: Chico Buarque de Holanda)
Será que poderíamos classificar essa personagem da música do Chico como depressiva? Carolina só consegue enxergar o mundo por uma janela (talvez seus olhos), mas o que vê parece não lhe agradar. Não quer dançar, parece guardar muita dor, chorar em profusão. Alimenta rancor por um relacionamento rompido, pela perda de um grande amor, luto pela pessoa que não está mais presente?
Não adianta dizer a Carolina que a vida continua, que ela precisa deixar o passado para trás, que um novo amor talvez a espere, pois ela não tem condições de enxergar tudo isso na situação melancólica em que se encontra.
Talvez deixar Carolina viver seu luto e, se essa situação começar a apontar para uma depressão, ajudá-la a chegar a um profissional que escute sua história, que valorize seu sofrimento e que lhe dê tempo para novamente enxergar graça na vida. Ou talvez escutar seus fantasmas, enquadrados por sua janela-olhos e chegar ao fundo de seu desejo de menina.
Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada ajudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu
Carolina
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar
Agora não sei como explicar
Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
E só Carolina não viu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
E só Carolina não viu

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