No seminário sobre a Angústia (Seminário 10, p. 19), Lacan fala de um sentimento de se estar impedido como sintoma da angústia, trava do movimento, tratando da etmologia de impedimento, apontando o latim impedicare, que significa ser apanhado em uma armadilha, estar armadilhado numa captura narcísica. Impedido como capturado, paralisado. Na angústia estamos armadilhados, como presas do nosso inconsciente, fadados a repetir o furo que nos divide enquanto sujeitos, a fazer sintoma. Sintoma que necessita ser falado pelo paciente e escutado pelo terapeuta, angústia que precisa ser sentida e desimpedida, desarmando a situação de nosso armadilhamento e aliviando o sofrimento.
Por que a angústia nos paralisa? Na verdade, trata-se de um impedimento que, em seu sem-sentido, no Real de sua impossibilidade de compreensão, acaba gerando mais angústia.
Angústia como proximidade do a, como aquilo que poderia gerar satisfação mas também poderia ser devoração... Ela não é causada por um objeto específico, mas pela falta de objeto que possa responder ao desejo do sujeito, sendo consequência direta de sua incompletude, do empuxe para se desejar sempre mais.
A angústia é um sinal de que o sujeito está se confrontando com o Real, com o que não pode ser inscrito, com um objeto impossível de ser simbolizado. Enfrentando a angústia o sujeito poderia encontrar um sentido (ou duplo sentido) no sem sentido do encontro com esse irreconciliável de seu desejo, com essa esquina entre um certo limite do existir e o desejo eternamente insatisfeito.

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